quarta-feira, 2 de setembro de 2009
ONU, OEA, assistem caladas o início da campanha eleitoral do GOVERNO ASSASSINO de HONDURAS.
01/09/2009 | Federico Mastrogiovanni | Cidade do México
Governo golpista inicia campanha eleitoral em Honduras e Zelaya aguarda posicionamento dos Estados Unidos
Sessenta e quatro dias depois do golpe de Estado que culminou na deposição do presidente de Honduras, Manuel Zelaya, o líder do governo golpista, Roberto Micheletti, lança a campanha do Partido Liberal para as eleições previstas para 27 de novembro.
Na quinta-feira passada, Micheletti se disse disposto a renunciar “de forma imediata ao cargo e apoiar a volta de Manuel Zelaya”, se este aceitasse deixar a presidência, numa contraproposta ao acordo San José, apresentado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Árias, porém respeitando somente a anistia como cidadão comum e não no âmbito político.
O Partido Liberal, que foi também de Manuel Zelaya e hoje apoia o governo de Micheletti e o golpe de Estado, lançou seu candidato na campanha eleitoral: Elvis Santos, que declarou que é necessário buscar uma solução imediata e que apoia “com contundência o acordo de San José”.
Santos, que foi vice-presidente no governo de Zelaya e renunciou em maio para lançar sua candidatura própria, não quis comentar o ponto central da proposta de Árias, que é o retorno imediato de Zelaya à presidência hondurenha.
O candidato liberal, segundo uma ala do PL que não está disposta a reconhecer a legalidade do processo eleitoral enquanto não se restabelecer a ordem constitucional, é acusado de ter feito parte da organização política que depôs o presidente Zelaya.
“Ainda que haja enormes falhas políticas, a situação de Honduras é muito complicada em termos jurídicos”, afirma o analista político mexicano Rubén Aguilar, professor de Ciências Políticas da Universidade Ibero-Americana. Ele diz também que acredita que o governo golpista aponta uma opção de saída para a situação. “Como muitas vezes acontece, um governo autoritário, através de um processo eleitoral democrático, dá a possibilidade de [o país] seguir adiante”.
Opinião diferente tem o analista político da Universidade Nacional Autônoma de Honduras, que pediu para não ser identificado para evitar retaliações: “A única saída possível é o cumprimento do acordo de San José. Nenhuma eleição tem valor se não se realiza em um processo democrático”.
Em documento divulgado em 28 de agosto, a Frente Nacional de Resistência Contra o Golpe de Estado afirma que “as eleições gerai sem restituição da ordem constitucional seria a legalização da violência militar contra o Estado e, portanto, inaceitável”. Os membros da organização condenam a “militarização da sociedade e o chamado processo eleitoral dos golpistas, que com sua presença armada introduz um elemento adicional de violência política partidária e que acentuam as condições de exclusão, obscuridade e repressão em prejuízo da população”.
Esta semana Manuel Zelaya está em Washington esperando que a administração do presidente norte-americano, Barack Obama, declare oficialmente como “golpe militar” a sua expulsão do país.
Gustavo Amador/EFE
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