sábado, 1 de agosto de 2009
NIKE E ADIDAS: Se até elas se unem contra golpe... JUNTOS SOMOS FORTES
BRIGA DE CACHORRO GRANDE – NIKE E ADIDAS SENTEM OS EFEITOS NEGATIVOS DO GOLPE E PRESSIONAM EUA PELA VOLTA DE ZELAYA
Laerte Braga
Duas das maiores quadrilhas mundiais e que atuam na área de material esportivo NIKE e ADIDAS escreveram uma carta pública a secretária de Estado (primeira dançarina do show Obama) Hilary Clinton pressionando pela volta de Manuel Zelaya ao governo de Honduras. São monstros da era da tecnologia reclamando da presença incômoda de pré-históricos.
Com as greves de trabalhadores, a ocupação de estradas e portos pelo movimento de resistência os contratos de exportação dessas duas empresas não estão sendo cumpridos e os prejuízos começam a incomodar. É que parte de alguns produtos das duas quadrilhas são fabricadas em Honduras, na nova modalidade de exploração. Uma ponta do palito na Indonésia, o meio no Timor e a outra ponta em Honduras e assim por diante, até a montagem na absoluta falta de referência da classe trabalhadora. É deliberada. É intrínseca ao capitalismo.
FOTO 1 :Trabalhadoras hondurenhas em fábrica de componentes de produtos da NIKE e da ADIDAS
Na mesma linha, empresários hondurenhos de porte médio manifestaram-se contra a quartelada. A notícia completa, que retrata o golpe em Honduras e suas conseqüências econômicas, num primeiro momento – vão piorar – pode ser lida no site abaixo.
http://www.publico.es/internacional/241816/huelgas/acorralan/golpistas/hondurenos.
O grupo de quadrilhas que assumiu o governo, ao que tudo indica, escapou das jaulas de algum laboratório do doutor Silvana e não há super herói que dê jeito. A junção dessas quadrilhas golpistas com os principais chefes militares do país no que se costuma chamar de patriotada resultou nisso daí. Nem a NIKE e a ADIDAS querem saber dessa turma.
Cresce o desemprego, não existem recursos para cumprir compromissos financeiros do governo, o Banco Centro Americano de Integração Econômica já anunciou que não vai liberar os fundos de Honduras em apoio à decisão da OEA (Organização dos Estados Americanos), o que equivale a deixar o governo em situação caótica em todos os sentidos.
Os pequenos e médios empresários reclamam que o consumo caiu, as greves em apoio a Ze laya diminuem ou às vezes interrompem os processos de produção e o país mergulhou numa crise em que a única alternativa e a volta do presidente deposto. O que resta sendo um primeiro round.
Não se sabe a reação da primeira dançarina Hilary Clinton à carta das duas multinacionais de materiais esportivos. De qualquer forma, vestida de leoparda ou que bicho seja, a senhora em questão vai ter que conversar com os Frankensteins que habitam o congresso e os porões do governo de seu país para avisar que há briga de cachorro grande como conseqüência do golpe. Foi dado por um grupo de quadrilheiros sobreviventes do período jurássico e todos carnívoros. Está incomodando aos que já descobriram o fogo e conseguem, alguns, mastigar de boca fechada ou tomar café sem deixar o mindinho levantado, como recomendam os livros de boa etiqueta.
O Coletivo de Mulheres Hondurenhas divulgou nota denunciando que empresários árabes ligados a países de governos pró-EUA estão obrigando as trabalhadoras a usar camisas brancas de apoio ao golpe. As que se recusam são demitidas. Vale dizer que esses empresários não têm ligação alguma com o Irã ou com os palestinos, mas estão associados a grupos sionistas de Israel na exploração de trabalhadores em todo mundo. Costumam chamar isso de “coexistência pacífica”. Unem os chicotes e os instrumentos das câmaras de tortura contra trabalhadores no mundo inteiro.
E nem muçulmanos são. São cristãos. Vai ver o cardeal lá tem ações de algumas empresas além do latifúndio nosso de cada dia.
É fácil entender porque as duas quadrilhas de materiais esportivos se dirigiram à primeira dançarina senhora Clinton. É que o pas de deux da moça tem efeito sobre os que consideram a Obama algo como “el negrito no conece donde se queda Tegucigalpa”. Opinião compartilhada pelo ex-vice-presidente Dick Chaney, pelo republicano derrotado John McCain (dizem que é herói da guerra do Vietnã. Barbárie tem heróis? E ainda por cima fugiram com o rabo entre as pernas) e pelos tais porões do governo (CIA, FBI, USAID e outras agências para “ajudar” a democracia).
Posso assegurar que esse espetáculo grotesco de violência e barbárie não tem a direção de Stevie Spielberg. É filme de terror.
Oscar Galeano, um dos “T-rex” como dizem os íntimos, os da CIA (Tiranossaurorex), presidente da filial FIESP/DASLU de Honduras, com bico tucano e um dos “donos” da empresa “forças armadas golpe e boçalidade no atacado e no varejo” e do “presidente” Roberto Michelletti admitiu que existem dificuldades de ordem econômica e política, mas disse que o “governo” – cúmulo da esculhambação – já está trabalhando para acabar com os problemas.
Só não explicou como. Prendendo, matando, torturando, seqüestrando, escravizando trabalhadores, estuprando mulheres, o velho processo golpista que toda a América Latina conhece bem. Todos tivemos um Fleury ou um Brilhante Ulstra exibindo essa face de “patriotas” e “democratas”.
A carta da NIKE e da ADIDAS reflete um aspecto importante para ser observado na versão capitalista neoliberal. O processo de produção sofreu tamanhas mudanças em proveito do empresariado (salto do sapato na Índia, sola no Brasil, cola na Colômbia e corpo aqui ou acolá, montagem em várias paragens) que golpes de estado nos moldes de anos atrás passaram a ser mau negócio, pelo menos quando se percebe que há reação da classe trabalhadora. Ai, dos vários anéis que ornam os dedos que seguram os chicotes, preferem perder alguns e vender a imagem da calça que se você usar será livre num vagão de trem rumo ao paraíso.
Em breve, nos melhores outdoors em todo o mundo “NIKE E DEMOCRACIA TUDO A VER”. Ou “ADIDAS, PARA VOCÊ RESPIRAR LIBERDADE”.
No fundo é tudo um chulé só, mas é um dado importante. Já existem produtos que eliminam odores desagradáveis. E os trabalhadores hondurenhos, no campo e na cidade mostram que outra alternativa existe e é possível.
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