terça-feira, 28 de julho de 2009

O GENERAL, O LADRÃO e A VÍTIMA

O GENERAL, O LADRÃO E A VÍTIMA

Laerte Braga





A secretária de Estado do governo oficial dos EUA quer que o presidente constitucional de Honduras, deposto por um golpe de estado patrocinado por elites hondurenhas e o governo paralelo – governo de fato – norte-americano, ceda e aceite a proposta do presidente mediador, Oscar Árias, da Costa Rica.



É mais ou menos o seguinte. Você vem andando pela rua, normalmente, dentro da lei, aí um bandido lhe aponta um revólver, toma o seu dinheiro e quando vai começar a pensar em gastá-lo ou fugir, aparece um general e decide intervir. Escuta as partes e ao final proclama, dirigindo-se à vítima – “o senhor vai ter que dar metade do seu dinheiro para o ladrão. Não deveria estar andando na rua com dinheiro no bolso e deve levar em conta que o ladrão representa um segmento importante – bota importante nisso – da democracia cristã, ocidental e ainda por cima, tem a bênção do cardeal –. Gera progresso.


Se o cidadão vítima, lesado em seu direito, diz que não, o general prende, arrebenta, tortura, assassina, tudo para manter o respeito às instituições. Vale dizer que no caso instituições são quadrilhas. Empresários, banqueiros, latifundiários e classe política corrupta.



É o que acontece em Honduras, onde uma crise política vai se transformando numa crise humanitária de grandes proporções. Fome, falta d’água, risco de epidemias, toda a barbárie que você possa imaginar (e não é difícil em se tratando de militares patriotas golpistas).



Hilary Clinton quer que Zelaya aceite a proposta de Árias que seria mais ou menos assim. Ele volta, assume de novo o governo, fica assinando os papéis que os generais e as elites permitirem que sejam assinados e depois sai fora, para que elites e generais voltem ao poder em “eleições limpas”, que nem aquelas que elegeram George Bush em 2000.



Os assassinados, os torturados, as mulheres estupradas pelos bravos patriotas, o progresso, a democracia, tudo com a bênção do cardeal (grande latifundiário), o silêncio da mídia independente assim padrão REDE GLOBO, toda a desordem que vive o país por conta da aventura de bandidos travestidos de militares, políticos, empresários, latifundiários, com apoio de soldados norte-americanos numa base em Honduras, a devoção à democracia da secretária Hilary Clinton, o estilo banana do presidente Obama, tudo isso vai para as calendas. O bandido sai feliz da vida com a metade do dinheiro da vítima – em tese, pois leva é tudo, tem a comissão do general, afinal a borduna tem que ser paga – e os valores transcendentais do american way life permanecem vendendo toneladas de medicamentos para a gripe suína gerada a partir do México, depósito de lixo dos EUA. E por uma granja norte-americana que cria os porcos do pão nosso de cada dia do cardeal...



...Dos generais, de Michelletti e dos geradores de progresso que aqui chamamos Daniel Dantas, Ermírio de Moraes, FHC, José Serra, José Sarney, juntos no amor e na adoração do deus mercado no templo FIESP/DASLU.



Cá embaixo, ao sul, num país chamado Brasil, o distinto cidadão lamenta a sorte dos hondurenhos, reza uma Ave Maria e um Padre Nosso pelos mortos, se imagina numa democracia e corre para o shopping sem perceber que é mera bola de sinuca nesse jogo e os caras já estão dando tacadas faz tempo. Em alguns casos mais sofisticados o jogo é golfe.


Isso até o dia que resolver mudar de chip e cismar de não comprar as marcas de tênis que o Faustão usa, ou vestir os ternos do Gugu, pior ainda se discrepar de William Bonner senhor da mentira e do mau caratismo. Se desafiar VEJA então, ou FOLHA DE SÃO PAULO, corre o risco dum negócio chamado “ditabranda”.



Quando isso acontece nem xarope de mel e agrião.



Tem sempre um louco – mas que não rasga dinheiro – pronto a defender a globalização. É esse quem vai escrever as lições do dia para que o Homer Simpson aprenda e não conteste. Pouco importa que marca de cerveja vai preferir, o importante é não preferir nada além do faremos tudo, beberemos todas.



Sabe a OI, aquela que coloca um monte de trabalhadores explorados para ligar nas piores horas – todas são piores nesse caso – e oferecer a você distinto cidadão, distinta cidadã um plano que você fala, fala e paga menos? O tal progresso, telefone para todos os estômagos, inclusive os que roncam de fome?



A tal OI arrumou uma terceirizada para preparar as continhas que você paga no dia do vencimento, uma pequena multa se atrasa. A tal terceirizada resolve que vai emitir duas contas e estabelece um sistema de rodízio. Você fica indignado, mas para reclamar tem que pagar primeiro. Não devolvem o dinheiro, abatem mais à frente. Uma conta vai para a OI, outra vai para a terceirizada, invenção tucana no Brasil para fornecer caixa dois para as campanhas dos distintos patriotas padrão Artur Virgílio, bandido com assento no Senado.


Nexo? É o que você deve estar perguntando, ou procurando encontrar por aqui. Olhe, na escola a gente aprende que dois mais dois resulta em quatro. Na matemática dessa gente, os bravos patriotas que acham que os índios são os culpados e a VALE é o progresso, assim tipo general Heleno, fazem milagres. Pode resultar em cinco, em seis, depende do tamanho da obra e do custo. O percentual, esse sim, é o mesmo. Quem tem estágio em forças de “paz” no Haiti então, esse é cobra no assunto.



Já Honduras, para que se preocupar com isso?



Pois olhe, Honduras é como um tsunami que vai chegando, chegando e um dia chega, mais rápido que se imagina. Bem mais rápido.



Coisa assim que nem cinco bases de generais e soldadinhos de chumbo na Colômbia. Agentes do MOSSAD no sul do Brasil. Tem droga para todo mundo, os bancos estão salvos da falência, Uribe é o presidente.



No fim do dia os bravos e intrépidos patriotas de Honduras, iguais aos de 1964 aqui, correm à Casa Branca e entregam um cacho de “obamas” ao banana que lá está (essas “obamas” são os principais produtos de exportação do país) e rumam ao Capitólio, onde no Senado (ptuz! Tem um trem errado com esse troço Senado) e enquanto a suástica é hasteada ao lado da estrela de David, erguem as mãos e gritam herr McCain! Herr Chaney! “Her Lieberman!

No dia seguinte, por volta das dez horas bate o sino em Wall Street e começa tudo de novo.



Ah! Os caras estão levando de bandeja o pré-sal. Em nome do livre comércio. Sir Francis Drake é pinto perto dessa gente, no máximo quando aparecia na capital do Reino Unido dormia com a rainha e ganhava um título de sir.


Não se esqueça do catchup, da mostarda e do guardanapo. Esse negócio de limpar a boca com as costas das mãos é só para texanos. Fazem a barba com cacos de vidro.

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