sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

EUA devem estar "frustrados" com Honduras, diz Amorim

EUA devem estar "frustrados" com Honduras, diz Amorim

Os EUA devem estar frustrados com os desdobramentos da crise em Honduras, disse nesta quinta-feira o chanceler Celso Amorim, após o governo de facto se recusar a permitir a saída do presidente deposto Manuel Zelaya do país, o que o ministro considerou "inaceitável".

"Deve ser uma frustração muito grande, acho eu, para os Estados Unidos, cuja diplomacia se envolveu até muito mais que a nossa", avaliou o ministro das Relações Exteriores durante o programa de rádio Bom Dia Ministro.

"Essa frustração advém do fato de você ter sido excessivamente tolerante com um governo golpista", apontou.

Na quarta-feira a saída de Zelaya do país, que desde setembro está abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa, era dada como certa. Uma autoridade do governo do México chegou a afirmar que o país receberia o presidente deposto.

As negociações, no entanto, atingiram um impasse por conta do status que seria concedido pelo governo mexicano a Zelaya.

Enquanto o presidente deposto quer chegar ao país como "hóspede", o governo de facto exige que ele vá ao México como asilado político, o que o impediria de fazer campanha livremente pela sua volta ao país.

"Essa atitude, quase de querer humilhar o presidente Zelaya, não existe", disse Amorim. "Impor condições é uma coisa totalmente inaceitável", acrescentou.

"Nos interessa muito, sim, que o presidente Zelaya possa sair em segurança, que nossa embaixada não seja de maneira nenhuma atacada", disse Amorim.

O Brasil, que junto com os EUA, condenou o golpe de Estado de 28 de junho que derrubou Zelaya, tem sido crítico da posição norte-americana de reconhecer as eleições presidenciais realizadas em 29 de novembro e vencidas pelo candidato oposicionista Porfirio Lobo.

"Nós não temos nenhuma intenção de reconhecer essas eleições no curto prazo", reiterou Amorim.

O Brasil defendia o retorno de Zelaya à Presidência antes da realização das eleições presidenciais, o que não aconteceu. Após as eleições, o Congresso hondurenho votou contra o retorno do presidente deposto ao poder, que era parte de um acordo mediado por Washington entre Zelaya e o governo de facto que assumiu o país.

"É uma questão de saber até quando vai a paciência do mundo em relação a um governo que está violando constantemente as normas do direito internacional."

"A nossa meta principal é a democracia em Honduras. Infelizmente isso vai demorar a ocorrer porque o processo que foi negociado antes das eleições não foi positivo", afirmou.

Reportagem de Eduardo Simões - Reuters

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