EUA devem estar "frustrados" com Honduras, diz Amorim
Os EUA devem estar frustrados com os desdobramentos da crise em Honduras, disse nesta quinta-feira o chanceler Celso Amorim, após o governo de facto se recusar a permitir a saída do presidente deposto Manuel Zelaya do país, o que o ministro considerou "inaceitável".
"Deve ser uma frustração muito grande, acho eu, para os Estados Unidos, cuja diplomacia se envolveu até muito mais que a nossa", avaliou o ministro das Relações Exteriores durante o programa de rádio Bom Dia Ministro.
"Essa frustração advém do fato de você ter sido excessivamente tolerante com um governo golpista", apontou.
Na quarta-feira a saída de Zelaya do país, que desde setembro está abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa, era dada como certa. Uma autoridade do governo do México chegou a afirmar que o país receberia o presidente deposto.
As negociações, no entanto, atingiram um impasse por conta do status que seria concedido pelo governo mexicano a Zelaya.
Enquanto o presidente deposto quer chegar ao país como "hóspede", o governo de facto exige que ele vá ao México como asilado político, o que o impediria de fazer campanha livremente pela sua volta ao país.
"Essa atitude, quase de querer humilhar o presidente Zelaya, não existe", disse Amorim. "Impor condições é uma coisa totalmente inaceitável", acrescentou.
"Nos interessa muito, sim, que o presidente Zelaya possa sair em segurança, que nossa embaixada não seja de maneira nenhuma atacada", disse Amorim.
O Brasil, que junto com os EUA, condenou o golpe de Estado de 28 de junho que derrubou Zelaya, tem sido crítico da posição norte-americana de reconhecer as eleições presidenciais realizadas em 29 de novembro e vencidas pelo candidato oposicionista Porfirio Lobo.
"Nós não temos nenhuma intenção de reconhecer essas eleições no curto prazo", reiterou Amorim.
O Brasil defendia o retorno de Zelaya à Presidência antes da realização das eleições presidenciais, o que não aconteceu. Após as eleições, o Congresso hondurenho votou contra o retorno do presidente deposto ao poder, que era parte de um acordo mediado por Washington entre Zelaya e o governo de facto que assumiu o país.
"É uma questão de saber até quando vai a paciência do mundo em relação a um governo que está violando constantemente as normas do direito internacional."
"A nossa meta principal é a democracia em Honduras. Infelizmente isso vai demorar a ocorrer porque o processo que foi negociado antes das eleições não foi positivo", afirmou.
Reportagem de Eduardo Simões - Reuters
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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
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