Embaixador de Honduras na OEA: Zelaya retorna nas próximas horas
Atualizado e Publicado em 23 de julho de 2009 às 12:57(VI O MUNDO)
Com as instâncias diplomáticas quase esgotadas e a poucas horas do encerramento do prazo dado pelo presidente costarriquense Oscar Arias para a reincorporação do deposto Manuel Zelaya à presidência, o governo hondurenho voltou a anunciar nesta semana uma tentativa de retorno pacífico do líder deposto ao palácio do governo em Tegucigalpa.
por Pablo Calvi, de Nova York, EUA, para Terra Magazine
O anúncio foi confirmado a Terra Magazine por Carlos Sosa Coello, embaixador da República de Honduras na Organização dos Estados Americanos. O diplomata, que continua nas suas funções apesar de Honduras ter sido afastada tanto da OEA quanto das Nações Unidas, garantiu que o retorno será "pacífico e com o apoio popular" e, diante da possibilidade de uma escalada de violência, rebate:
- É o governo interino que está com as armas e, obviamente, pode ser que no final das contas seja ele que agrave a repressão".
Leia a entrevista na íntegra:
Terra Magazine - Como está sendo organizando este retorno?
Carlos Sosa Coello - Não vamos divulgar a forma como vamos retornar a Honduras. Simplesmente vamos aparecer a fim de evitar que não se repita o que ocorreu da outra vez.
Em sua opinião, diante de um ato tão direto, qual será a reação do governo de Micheletti?
Não tenho idéia. Mas isso vai depender de cada um. Alguns integrantes do governo golpista já estão abandonando o barco. A título de exemplo, o fiscal geral da república foi para a Miami alegando motivos de saúde e ficou por lá. Alguns se tornarão repressores, outros sairão correndo, outros dirão que não participaram do golpe, outros apelarão à sensatez. Isso dependerá de cada um.
O Departamento de Estado Americano retirou-se das negociações. O Sr. vê algum indicativo nessa decisão?
Continuamos negociando com o Departamento de Estado, mas não temos muito mais o que pedir exceto que endureça ainda mais com o governo golpista, pois quanto mais duro for agora, mais fácil será o amanhã.
Tem-se como certa a reação do governo golpista e talvez um banho de sangue se o presidente Zelaya aparecer em Honduras como está previsto. Quais são os cuidados que o governo de Zelaya está tomando para proteger a população civil hondurenha?
Nós não temos armas. Temos a razão e a legitimidade. Quem está com as armas é o governo. É claro que pode ser que intensifiquem a repressão. Já mataram várias pessoas. Consideramos esta possibilidade, mas não temos medo dela. Não podemos ter medo.
Quais são os motivos, em sua opinião, para que o governo interino, ontem, quarta-feira, tenha expulsado o corpo diplomático venezuelano de Honduras?
Em minha opinião tudo isso é parte de um plano para culpar Hugo Chávez pelo golpe. E para que algum inimigo de Chávez faça sua a causa e, desta forma, seja criada uma aliança contra Chávez e Zelaya. Mas, na verdade, isso não trará nenhum resultado, pois não é Chávez quem tem sido mais duro com eles, mas os governos dos Estados Unidos, do Brasil e da União Européia. É infantil tentar transformar isso em uma cruzada contra Chávez. Primeiro porque isso não o prejudica em nada e segundo porque não acredito que nenhum exagero verbal que possa existir - já que o respeitamos, pois é um amigo - poderia chegar a uma escala diplomática contra o governo legítimo de Zelaya.
A chegada do presidente Zelaya em Honduras está definida para as próximas horas?
Podemos esperar por isso ou podemos esperar que os apoiadores do governo golpista façam algum gesto de retrocesso. Nós, a partir da restituição do presidente Zelaya como o legítimo líder da República de Honduras, estamos dispostos a conversar com essas pessoas, seus representantes, ou os verdadeiros donos do golpe que são as forças militares, e sermos generosos. Entenderemos que essas pessoas também são parte do povo hondurenho, da nação, para procurar sair disso de maneira pacífica e amistosa. Somos inflexíveis é no cumprimento da constituição, no sentido de que o presidente é o presidente.
É possível considerar que as negociações na Costa Rica tenham sido um completo fracasso?
Acho que não. Acredito que cumpriram uma função que é muito, mas muito importante, que é a do regime golpista retirar toda a máscara de aparente negociação ou de busca da legalidade. E isso, por si só, já é uma conquista.
Enviado Por Conceição
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quinta-feira, 23 de julho de 2009
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